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Mostrando postagens com o rótulo Artigo

A ligação entre o chulé e a melhora da epilepsia

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Um título tão disparatado para etologia mas sem deixar de ser interessante em termos de cultura acadêmica geral. Epilepsia é um quadro sidrômico caracterizado por disparos quimioelétricos de partes ou de todo o cérebro, caracterizando disfunções sensoriai e/ou motorass variadas, mas que são conspicuamente observadas por contrações tônicas e clônicas involuntárias do corpo, acompanhado de inconsciência nos pacientes. Na Índia há o hábito tradicional de expor o paciente durante o ataque de epilepsia a um chulé "bem forte". Parece que o chulé "bem forte" tem propriedades de diminuir a duração dos ataques epiléticos, embora cheiros fortes possam precipitar um ataque. Isso foi observado e defendido por um cientista indiano, Dr Jaseja, de propôs uma explicação neurobiológica para uma terapia tão inusitada para a asséptica cultura cristã-ocidental. Pode parecer engraçado mas o trabalho do Dr Jaseja foi publicado em uma revista bem conceituada: Jaseja H. Scientific basis b...

Passarinhos (não são corvos nem papagaios) reconhecem pessoas rapidamente em ambiente urbano

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A crescente ocupação urbana* tem levado a uma modificação no comportamento e na ecologia de diversas espéceis de animais. Algumas espécise parecem se beneficiar dessa interação enquanto outras, talvez a maioria, estão em pleno declínio. Um dos motivos do sucesso de algumas espécies em conviver com humanos, em áreas urbanizadas, é a capacidade de se adaptarem adotando estratégias novas ou exacerbando algumas características inerentes de defesa e adaptação. Os mockinbirds ( Mimus polyglottos ), uma espécie de sabiá norte-americano, da família Mimidae, parecem ser animais privilegiados quanto à capacidade de aprendizagem e particularmente em relação às características físicas de pessoas. Alguns desses pássaros foram observados no campus universitário da Florida (Gainesville), onde vivem em contato com centenas de transeuntes todos os dias. Os pássaros foram submetidos a um elegante experimento para testar a capacidade de se adaptarem ou reconhecerem potenciais predadores. Estudiosos...

Posse responsável de animais, por etólogos

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Foi publicado na Ciência Hoje , revista da SBPC, uma resenha do sócio Prof. Gelson Genaro juntamente com a Médica Veterinária Eliana Colluci, sobre a posse responsável de cães e gatos. Essa temática passou dos limites administrativos, das políticas sociais, para uma preocupação da ciência e especialmente da etologia. Os etologistas e aspirantes a tal, deveriam estudar a relação entre donos e donas e seus cães, avaliando o que faz com que haja atração e negligência na criação de animais. Acima estão fac-símiles do artigo publicado.

Codornas que aprendem são mães que controlam mais suas vidas reprodutivas

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O estudo publicado ontem (17 de junho), on line, demonstra que codornas ( Coturnix japonica ) que aprendem a se familiarizar com um macho em um determinado ambiente , por um mecanismo e condicionamento pavloviano, ao contrário de codornas que não são condicionadas, produzem mais ovos fertilizados, com maior massa e maior quantidade de filhos do que filhas. Essa resposta se correlacionou com a condição física da fêmea: quanto mais robusta, maiores são os efeitos do aprendizado. As fêmeas não-condicionadas, ou seja, que não puderam aprender, o maior número de ovos fertilizados dependeu do comportamento sexual dos machos não familiarizados. Rutkowska & Adkins-Regan (2009). Learning enhances female control over reproductive investment in the Japanese quail. Proceedings of The Royal Society, 1-9.

Quando e como não usar uma distribuição unicaudal em estatística

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A argentina Celia Lombardi e o norte-americano Stuart Hurlbert publicaram um artigo criticando seriamente o uso da distribuição unicaudal em estudos do comportamento e em ecologia. Os autores identificaram em 1989 e em 2005 vários erros no uso dessa abrodagem estatística dos dados em dois importantes periódicos: Animal Behaviour e Oecologia . Segundo Siegel*, em sua publicação de 1956, largamente utilizada pelos pesquisadores do comportamento, a distribuição unicaudal deveria ser usada quando: a) sabemos a direção da diferença de uma variável entre duas amostras; b) quando há implícito (ou explícito) o interesse do pesquisador nesse tipo de análise. Os autores chegam a ser irônicos ao afirmarem que quando sabemos a direção da diferença nos colocamos quase como profetas. Inadvertidamente e seguindo os preceitos classicos em estatística, os etólogos usam Siegel como referência e, claro, os seus paradigmas estatísticos. Os autores (Lombardi e Hurlbert) centram fogo contra esse axioma pro...

Mas afinal, o que é comportamento?

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Todas as pessoas que lerão essa postagem vão saber responder de alguma maneira o que é comportamento. Mas nem toda definição poderá se adequar ao que eu faço você faz ou o colega vizinho faz em etologia. Teremos definições diferentes, não por que há uma limitação semântica ou falta de recurso de linguagem, mas porque podemos conceituar comportamento conforme a nossa área primária de formação e nossa experiência.Podemos até ter “pré-conceitos” modelando a nossa definição sobre comportamento. A ciência exige definições precisas, mas elas não são congruentes quanto à definição do que é comportamento. Foi o que verificaram três pesquisadores da Universidade da Califórnia, Berkeley. Os pesquisadores pesquisaram o termo comportamento na área de biologia comportamental. Ficaram surpresos que as definições em livros e artigos científicos frequentemente excluíam organismos e ações (ou falta delas), quando aplicados a estudos diferentes. Por exemplo, algumas definições admitem que dormir ...

Comportamento de uma espécie de formiga brasileira cooperativa para construir ninhos em árvores

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As formigas-de-cupim, do genêro Camponotus , são conhecidas por formarem colônias cooperativas, isto é, se ajudam na contrução de ninhose os controem utilziado-se de uma fibra produzida por larvas. Pouco se conhece sobre as formigas desse gênero no Brasil. Há poucos dias foi publicado um artigo de sócios da SBEt, descrevendo o comportamento e a história natural de Camponotus senex . São formigas diurnas, de nidificação aérea, que preferem substratos adocicados e explroam pequenos afídeos para tomar-lhes secreções. Veja: Santos, J. C. and Del-Claro, K.(2009)'Ecology and behaviour of the weaver ant (Myrmobrachys) Camponotussenex ',Journal of Natural History,43:23,1423 — 1435. A foto acima é de uma Camponotus fallax .

La barbarie del "especialismo" en un tiempo de extinciones

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Esse texto foi apresentado recentemente (maio de 2008) pelo Dr. Jorge V. Crisci, eminente botânico, na abertura da Sessão Pública Extraordinária da Academia Nacional de Agronomia e Veterinária da Argentina. O texto é um convite provocativo para uma profunda reflexão sobre a relação de poder e os paradigmas do que é ciência. Imperdível para alunos e acadêmicos em qualquer fase da vida. O texto foi uma gentil recomendação do Prof. Dr. J. C. Dianese (UnB).

A exposição ao público pode alterar o bem-estar de onças em cativeiro

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Hoje foi publicado on line o artigo de autoria de sócios da SBEt, comparando o cortisol salivar de onças criadas em ambientes com maior exposição ao público e em ambientes com visitação restrita. As onças mais expostas ao público apresentaram maiores índices de cortisol salivar. Quanto mais se aproximava o final-de-semana, quando há maior intensidade de visitação, mais cortisol aparecia na saliva. Foi a primeira vez que se mensurou cortisol em saliva de onças. O artigo é de livre acesso, basta clicar na referência abaixo : Montanha et al (2009). Comparison of salivary cortisol concentrations in Jaguars kept in captivity with differences in exposure to the public. Ciência Rural. doi: 10.1590/S0103-84782009005000089

Uma visão inovadora sobre a relação entre cavalos e humanos

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1. O cavalo é o servo e o cavaleiro ou a amazona é o mestre? 2. A relação de obediência, de trabalho e treinamento do cavalo com humanos pode ser afetiva? 3. Você entende tudo (ou quase) sobre comportamento de cavalos? 4. Já conhece um etograma completo de equinos? Se alguma das suas respostas para as questões 1 a 3 foi "Sim " ou para a questão 4 foi "Não" , então você precisa ler esse artigo abaixo: The horse–human dyad: Can we align horse training and handling activities with the equid social ethogram? P.D. McGreevy , C. Oddie , F.L. Burton , A.N. McLean a b s t r a c t This article examines the recently completed equid ethogram and shows how analogues of social interactions between horses may occur in various human–horse interactions. It discusses how some specific horse–horse interactions have a corresponding horse–human interaction – some of which may be directly beneficial for the horse while others may be unusual or even a...

Etologia hedônica, ou o estudo do prazer nos animais

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Já leu algum artigo científico sobre o prazer nos animais? Certamete que não. São raros. Lê-se de vez em quando em "reforço positivo", "comportamento de consumação" e pouco além disso. Mas dor, estresse, ansiedade, reforço negativo e outros termos que negam ou escamoteiam o prazer nos animais, são muito bem estudados; por um lado, ajudam a evitar o estudo do prazer pelos cientistas. Mesmo estes estados ou comportamentos mais estudados, são explicados muito mais por mecanismos evolutivos do que por mecanismos imediatos. Jonathan Balcombe em seu texto recentemente publicado, desafia os cientistas a estudarem o prazer nos animais. Propõe o autor um neologismo: a etologia hedônica . O texto é uma chacoalhada em nossas idéias préconcebidas e imperceptíveis sobre o comportamento dos animais. Vale muito a pena ler. Veja no portal da CAPES: Blacombe, J.(2009) Animal pleasure and its moral significance. Applied Animal Behaviour Science , 118:208-216. Magnífico!

Adolescentes que usam maconha apresentam menor desempenho cognitivo, menor atenção e anormalidades cerebrais

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Em contradição ao que os leigos afirmam, centistas continuam a confirmar as deficiências causadas pelo uso crônico de maconha. O estudo publicado abordou os efeitos em adolescentes. Veja: Jacobus et al. (2009) Functional consequences of marijuana use in adolescents. Pharmacology, Biochemistry and Behavior, 92: 559–565. Disponível no portal da Capes ou por empréstimo de nossa cópia.

Para pardais, viver em grupos melhora a eficiência em resolver problemas

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Talvez para outras espécies também. As principais e mais conhecidas vantagens de se viver em grupos são a defesa contra predadores e o aumento da eficiência no forrageio. Essas vantagens ultrapassam os custos de se viver em grupos, como o aumento da competição intragrupal. Liker e Bókony, pesquisadores húngaros, publicaram um artigo no PNAS demonstrando que grupos de pardais (Passer domesticus) maiores são mais rápidos e mais eficentes em resolver tarefas (retirar o lacre de uma vasilha para acessar o alimento) do que grupos menores. Isso diminuiria o tempo de vigilânica contra predadores e aumentaria a capacidade de adquirir alimentos. Os autores sugerem que em grupos ocorre maior chance de existirem indivíduos mais habilidosos. Outro achado interessante e que pássaros de origem rural foram menos eficazes na tarefa do que pássaros de origem urbana. Quanto a esses último a explicação dos autores é pouco consistente. PAra ler veja no portal da CAPES ou peça emprestado a nossa cópia: Li...

O futuro do casamento pode estar nos dedos do casal

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Parece o “futuro está nas suas mãos”. Mas não estamos falando de quiromancia. Nem estamos falando das habilidades manuais ou digitais. Estamos falando de um artigo recente (Cousin et al (2009) Digit ratio (2D:4D), mate guarding, and physical aggression in dating couples. Personality and Individual Differences, 46, 709-713: 2009) onde é relatado que a razão entre os dedos indicador (D2) e o dedo anelar (D4) pode ser uma previsão do comportamento agressivo (físico) entre casais. As autoras compararam 101 casais enamorados e seus relatos de agressão física, quantificados em questionários estruturados. O estudo se baseia na teoria de que quanto menor a razão entre os dígitos D2 e D4 (D2:D4) em uma pessoa adulta, mais testosterona teria o indivíduo sido exposto na fase fetal. Há uma série de estudos (abordado no artigo em questão, como uma espécie de minirevisão) em que são demonstradas predisposições comportamentais. Quer ler? Tente no portal da CAPES ou emprestamos a nossa cópia.

Estresse psicológico em peixes?

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Ao fazer um revisão hoje, me deparei com o artigo intitulado "Psychological Stress and Welfare in Fish". Muito bom! O artigo é repleto de conceitos e faz a defesa de que peixes tem algum tipo de representação psicológica do sofrimento. O artigo de revisão foi escrito pela Profa.Leonor Galhardo e Rui Oliveira, ambos de Portugal. O Prof. Rui tem participado de vários eventos científicos no Brasil, inclusive nos Encontros Anuais. O artigo é de livre acesso na ARBS (Annual Review of Biomedical Sciences) publicado pela UNESP.Clique aqui.

Empréstimo de artigos

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Alguns estudantes e pesquisadores que acessam esse blog, têm dificuldade de acessar o portal da CAPES para baixar os artigos aqui comentados. Incrível, mas várias instituições de ensino superior e de ensino técnico não possuem convênio com a CAPES; ou uma rede de computadores decente para facilitar e permitir o trabalho desses esforçados e talentosos acadêmicos. A partir de hoje nós poderemos emprestar artigos que baixamos e lemos. Poderemos enviar por email o artigo, em pdf, para que o leitor(a) leia e após, devolva o mesmo por email. Fica implícito que o pedido está condicionado à não divulgação pública e confecção de cópias, considerando alguns direitos autorais do periódico científico. Os pedidos poderão ser feitos para a Profa. Ita Silva (tesoureira da SBEt): ita.silva@ufv .br

Ratos representam o tempo de forma linear ou logarítimica?

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O artigo publicado agora na Behavioural Processes , de autoria de Linlin Yi, estudou como os ratos previam as ocorrências de reforços positivos a partir da teoria do tempo linear. A Teoria prediz que o tempo subjetivo é uma função linear do tempo físico e o erro padrão aumenta proporcionalmente com a média e a discriminação temporal é feita por uma proporção. Se a representam for logaritimica, o tempo subjetivo será uma função logaritimica do tempo físico, a variabilidade será uma constante em escala log e a representação é feita levando em conta uma diferença. Yi revisa brevemente e recorda que um experimento com ratos publicado em 1981 sugere uma representação linear do tempo para esses roedores. Humanos também teriam uma representação linear. Por sua vez, pombos possuem uma representação log. E os ratos de Yi? Veja o experimento, os resultados e a discussão acessando o artigo: Yi, L (2009) Do rats represent time logarithmically or linearly? Behavioural Processes, 81: 274–279. O a...

Teste de temperamento em bubalinos

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Os autores (sócios da SBEt) realizaram um estudo avaliando a equivalência de testes de temperamento em bovinos para bubalinos. O teste de isolamento social e o teste do tronco parecem ser os melhores. Publicado na revista Ciência Rural, de acesso livre. Veja clicando aqui .SACrdua et al., (2009)Temperamento em bubalinos: testes de mensuração. Ciência Rural, 39: 502-508.

"Behaviour accumulation curves", um novo método para estudar repertórios comportamentais

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Qual o tempo ou o esforço que devo fazer para obter o repertório do comportamno de um animal? Muitas vezes passamos tempo de mais (ou de menos) para saber se o repertório de uma espécie que desejamos estudar está completo. Um método descrito nessa semana na "Animal Behaviour", por pesquisadores mexicanos e espanhóis, ajudará bastante sobre essa questão. Os cientistas adaptaram a técnica de estimativa de biodiversidade utilizada na ecologia para a etologia. O método é simples: depois de tabulados os dados apropriadamente, depende da aplicação de um programa estatístico livre (EsmimateS) e da aplicação da fórmula de Clench. A lógica do método é que a partir e um determinado momento, quanto mais esforço se fizer para observar, menor será a obtenção de novos comportamentos. Teoricamente para se obter 100% do repertório deveríamos ter observações infinitas. O método tem uma limitação importante: não é apropriado para se averiguar comportamentos raros. O método permite verificar me...

Um hormônio no meio da amizade de cães e seus donos ou donas

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A ocitocina, um neurohormônio principalmente secretado pela neurohipófise, era considerada uma molécula “silenciosa” até 20 anos atrás. Todo mundo sabia que esse hormônio estava envolvido com a ejeção do leite e com as contrações no parto em mamíferos. Quando se começou a observar que a ocitocina estava relacionada ao comportamento, particularmente na atratividade entre animais da mesma espécie, o interesse pela ocitocina aumentou e novas e instigantes descobertas estão sendo feitas desde então. Quando dois animais iniciam uma relação de atração, ou quando humanos relatam que se sentem atraídos fortemente um pelo outro, a ocitocina aumenta. Manifestações de carinho como um abraço, também aumenta a ocitocina em humanos. A ocitocina está envolvida no reconhecimento emocional social e na melhor recuperação em adictos. Possue um papel extremamente benigno em humanos. Não se sabia se a relação entre duas espécies diferentes também poderia ter o envolvimento de ocitocina. Um estudo recém pu...